Quando um empreendedor observa uma oportunidade de mercado e decide aproveitá-la, funda uma empresa para atuar no segmento. Daí para frente o entusiasmo, dinamismo, visão ampliada, conhecimento e muito podem tornar o empreendimento bem sucedido e o mercado reconhece todo o sucesso da empresa através da figura do fundador.

Na grande maioria dos casos, esta associação é extremamente benéfica para empresa, pois os clientes, colaboradores e fornecedores reconhecem e confiam na força e na liderança do “Dono”, que criou, aumentou e mantem sua empresa em um mercado adverso. Podemos citar inúmeros casos no Brasil como, Silvio Santos do SBT, Luciano Hang da Havan e Guilherme Banchimol da XP Investimentos, só para citar os mais conhecidos. Isto nos faz pensar o que acontecerá com estas empresas quando seus fundadores decidirem se aposentar. E isso, uma hora ou outra, acontecerá.

A saída do fundador só deve acontecer quando os herdeiros estiverem preparados e todas as etapas do processo de governança corporativa implantados e incorporados pela organização.

Quando falamos em “aposentadoria” de um empreendedor não estamos falando em colocá-lo em casa, de pijamas na frente de uma TV, isso na maioria dos casos é inconcebível, mas sim em permitir que tenha mais flexibilidade de horários, possa se ausentar por períodos maiores não ser incomodado por assuntos do dia-a-dia da empresa, melhorando assim sua qualidade de vida.

Não existe uma fórmula padrão para a transição, mas vários empresários, após definir o sucessor para o cargo de CEO da empresa, que pode ou não ser um familiar, trabalham por um período determinado em cogestão com este sucessor, se reportando conjuntamente ao Conselho de Administração da empresa. Assim pode repassar ao futuro CEO boa parte do conhecimento necessário para dirigir o negócio. Ao mesmo tempo tem condições de avaliar o funcionamento do Conselho de Administração com relação a qualidade da manutenção da governança, este processo é fundamental para que o empresário crie confiança no processo.

Como mencionado no artigo “Como preparar os herdeiros para a sucessão” é comum que o novo CEO monte gradativamente uma equipe de diretores e que alguns dos sucedidos façam parte do conselho, até o momento em que o fundador saia da operação e passe a ser presidente do conselho. Este movimento permite que todo conhecimento e expertise acumulado durante anos seja repassado aos sucessores, tranquilize o mercado e os colaboradores, pois o fundador se retira do cenário de operações e entra no cenário estratégico da companhia.

É muito comum que os fundadores se dediquem na montagem de novos negócios ou na participação em outros conselhos de administração, pois o conhecimento adquirido é muito valorizado pelo mercado.

A empresa que tem um fundador com clareza do momento de descentralizar, que consegue preparar os herdeiros e os sucessores do negócio e monta uma equipe competente para aconselhar e monitorar seus executivos, certamente passara por mais um ciclo de crescimento e sucesso quando o fundador querer se aposentar.